Igreja Matriz de Nossa Senhora da Conceição
A pedra fundamental da Igreja
Matriz de Ceará-Mirim foi lançada em 21 de fevereiro de 1858 pelo Frei Serafim
de Catânia, quando então a cidade ainda era apenas um povoado rodeado dos
primeiros engenhos, este era chamado Boca da Mata (passou ao título de Briosa
Vila do Ceará-Mirim em 30 de julho de 1858). Entretanto a conclusão da
edificação, da forma como hoje a vemos, apenas se verificou no ano de 1900.
A
Igreja Matriz de Ceará-Mirim é o maior templo católico do estado, medindo 57 m
de comprimento e 24 metros de altura. A grandiosidade da igreja é facilmente
compreendida observando-se as fartas contribuições dos senhores de engenho
locais para sua edificação. E cada detalhe
do templo possui os auspícios das famílias tradicionais da região: os sinos
foram doados por Fausto Varella, Heráclito Ribeiro de Paiva e o coronel
Francisco José Soares, tendo este último doado o sino mais pesado, cerca de 600
kg; a Sra. Vitória Duarte Ribeiro doou a pia batismal, toda em mármore; o
sacrário de bronze foi doado por Milton Varella.
A Matriz de
Ceará-Mirim foi edificada em estilo neo-gótico, destacando-se as linhas
singulares de sua duas torres, fruto do trabalho do engenheiro inglês David
Williams. Além do seu traçado singular, a igreja foi erguida “de costas” à
cidade, numa em que os templos eram construídos no meio da cidade. Tal
enquadramento se justificava tendo que em tal posição o frontispício da Igreja
volta-se para o vale dos engenhos, de onde seus senhores e suas famílias
poderiam observar o templo.
Segundo
uma lenda muito conhecida em Ceará-Mirim, existiria uma baleia encantada
debaixo da Igreja Matriz de Nossa Senhora da Conceição. Essa baleia despertaria
de seu sono se alguém retirasse a imagem da padroeira do altar-mor da Matriz. Assim, os movimentos do
cetáceo abririam uma fenda de onde jorraria um grande rio que inundaria todo o
vale onde se localiza a cidade.
Essa lenda deve ter
sido criada na segunda metade do século XIX, quando a prédio primitivo da
igreja foi construído e o frei Serafim de Catânia fazia suas pregações pela
região, ajudando no trabalho de conclusão. O mesmo religioso também esteve em
Canguaretama e Nova Cruz à frente dos trabalhos de construção das igrejas
desses municípios. Curiosamente, nesses lugares também existem essa mesma lenda
de uma baleia embaixo da igreja matriz.
Confirmando essa lenda são
mostradas as rachaduras na base da igreja que sempre reapareceriam, mesmo
depois de inúmeros consertos. As pessoas também sentem pequenos tremores nas
proximidades da igreja e dizem que são os movimentos da baleia que se sentiria
incomodada por algum motivo.
Para escutar o coração
da baleia bastaria aproximar a orelha ao altar da igreja em dia silencioso por
volta das 18 horas. Da mesma forma se escutaria o barulho da correnteza de um
rio caudaloso que passa em tormentas por baixo da igreja.
Narrativas como essas
serviriam para proteger o patrimônio dos templos contra furtos. Assim, se dizia
que, em caso de roubo da imagem, uma baleia sairia debaixo da igreja e um imenso
rio inundaria a cidade. A lenda era reforçada por uma característica da técnica
de construção do século 19, que utilizava uma argamassa feita com a mistura de
areia, pó de ostra e óleo de baleia.
No comments:
Post a Comment