Friday, December 9, 2016


Igreja Matriz de Nossa Senhora da Conceição





A pedra fundamental da Igreja Matriz de Ceará-Mirim foi lançada em 21 de fevereiro de 1858 pelo Frei Serafim de Catânia, quando então a cidade ainda era apenas um povoado rodeado dos primeiros engenhos, este era chamado Boca da Mata (passou ao título de Briosa Vila do Ceará-Mirim em 30 de julho de 1858). Entretanto a conclusão da edificação, da forma como hoje a vemos, apenas se verificou no ano de 1900. 




A Igreja Matriz de Ceará-Mirim é o maior templo católico do estado, medindo 57 m de comprimento e 24 metros de altura. A grandiosidade da igreja é facilmente compreendida observando-se as fartas contribuições dos senhores de engenho locais para sua edificação. E cada detalhe do templo possui os auspícios das famílias tradicionais da região: os sinos foram doados por Fausto Varella, Heráclito Ribeiro de Paiva e o coronel Francisco José Soares, tendo este último doado o sino mais pesado, cerca de 600 kg; a Sra. Vitória Duarte Ribeiro doou a pia batismal, toda em mármore; o sacrário de bronze foi doado por Milton Varella. 




A Matriz de Ceará-Mirim foi edificada em estilo neo-gótico, destacando-se as linhas singulares de sua duas torres, fruto do trabalho do engenheiro inglês David Williams. Além do seu traçado singular, a igreja foi erguida “de costas” à cidade, numa em que os templos eram construídos no meio da cidade. Tal enquadramento se justificava tendo que em tal posição o frontispício da Igreja volta-se para o vale dos engenhos, de onde seus senhores e suas famílias poderiam observar o templo.   




Segundo uma lenda muito conhecida em Ceará-Mirim, existiria uma baleia encantada debaixo da Igreja Matriz de Nossa Senhora da Conceição. Essa baleia despertaria de seu sono se alguém retirasse a imagem da padroeira do altar-mor da Matriz. Assim, os movimentos do cetáceo abririam uma fenda de onde jorraria um grande rio que inundaria todo o vale onde se localiza a cidade.




Essa lenda deve ter sido criada na segunda metade do século XIX, quando a prédio primitivo da igreja foi construído e o frei Serafim de Catânia fazia suas pregações pela região, ajudando no trabalho de conclusão. O mesmo religioso também esteve em Canguaretama e Nova Cruz à frente dos trabalhos de construção das igrejas desses municípios. Curiosamente, nesses lugares também existem essa mesma lenda de uma baleia embaixo da igreja matriz.

Confirmando essa lenda são mostradas as rachaduras na base da igreja que sempre reapareceriam, mesmo depois de inúmeros consertos. As pessoas também sentem pequenos tremores nas proximidades da igreja e dizem que são os movimentos da baleia que se sentiria incomodada por algum motivo.

Para escutar o coração da baleia bastaria aproximar a orelha ao altar da igreja em dia silencioso por volta das 18 horas. Da mesma forma se escutaria o barulho da correnteza de um rio caudaloso que passa em tormentas por baixo da igreja.


Narrativas como essas serviriam para proteger o patrimônio dos templos contra furtos. Assim, se dizia que, em caso de roubo da imagem, uma baleia sairia debaixo da igreja e um imenso rio inundaria a cidade. A lenda era reforçada por uma característica da técnica de construção do século 19, que utilizava uma argamassa feita com a mistura de areia, pó de ostra e óleo de baleia.



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